MEIO AMBIENTE

Publicado em 20 de Julho de 2017 12:31

Como usar bem o lixo

Publicado por Thaís Albuquerque Expirado
Como usar bem o lixo

Um único planeta não é suficiente para suprir as necessidades atuais dos seres humanos. É o que aponta o Living Planet Report, da World Wide Fund for Nature (WWF). A publicação, bianual, que reúne dados de todos os continentes, faz uma análise baseada na ciência sobre a saúde da Terra e mede o impacto da atividade humana sobre o nosso planeta. Infelizmente, a conclusão foi de que a demanda da humanidade sobre a natureza ultrapassa a capacidade de reposição.De acordo com o relatório, seria preciso um planeta Terra e meio para dar conta das nossas necessidades. E, já que não dá para aumentar a capacidade de fornecimento do planeta, é preciso modificar o modo como o homem interage com o meio ambiente. Para transformar essa realidade, é preciso produzir menos lixo e cuidar do que é inevitável descartar, já que, hoje, o acúmulo de resíduos excede a nossa capacidade de absorção ou reciclagem.

“Devemos entender que o lixo é problema de todos nós. A população deve usar corretamente os serviços de coleta, exigir que sejam bem feitos e pleitear soluções acessíveis para os serviços especiais”, alerta Maria Luiza Indrusiak, coordenadora da graduação em Engenharia de Energia, da Unisinos.
Como usar bem o lixo
niciativas da coletividade e filmes como De Volta Para o Futuro nos ensinam o potencial dos resíduos e a importância de um mundo sustentável

Consumo mais inteligente

A questão do lixo interessa a todas as áreas do saber. Por isso, a professora Erica Hiwatashi, coordenadora da graduação em Relações Públicas, da Unisinos – que, a partir da compreensão da cadeia produtiva da reciclagem do resíduo doméstico em Porto Alegre, pensou em ações para melhorar esse processo e a qualidade de vida da sociedade – propõe um questionamento.

“Devemos avaliar nossas atitudes quanto à produção de lixo. A quantidade de resíduos per capita vem aumentando sistematicamente, não seria possível reverter essa escalada?” E a resposta é sim. A boa notícia é que essa é a parte que está 100% em suas mãos. Você pode estabelecer um estilo de vida com uso sustentável de energia e consumo de bens mais duráveis, como copos de vidro em vez de descartáveis.

Responsabilidade social

A Política Nacional de Resíduos Sólidos, criada pela Lei nº 12.305/2010, representou um avanço na questão do lixo, mas pouco foi implantado até agora. Claro que o poder público tem grande responsabilidade na destinação dos resíduos sólidos, mas o setor privado também pode, e deve, colaborar para mudar o cenário nacional. “As empresas podem questionar o uso de embalagens supérfluas em seus produtos, estimular a reciclagem, acolher em seus processos a reutilização, como matéria-prima dos produtos da coleta seletiva”, explica a professora Maria Luiza.

De acordo com ela, as instituições de ensino também podem ajudar, promovendo a educação ambiental e o consumo consciente nas diversas etapas de produção do lixo. “A Unisinos faz o recolhimento dos resíduos recicláveis, auxiliando, assim, as unidades de triagem. Faz também campanhas periódicas de recolhimento de resíduos eletroeletrônicos. Várias pesquisas realizadas na Unisinos são relacionadas à valorização de resíduos de diversos setores industriais e de construção”, acrescenta.

Energia do futuro

Quem assistiu ao filme De Volta para o Futuro 2, com certeza achou que só mesmo na ficção o DeLorean do Doutor Brown funcionaria com o biocombustível fabricado com latas de cerveja e cascas de banana. Hoje, 30 anos depois, a ficção já é realidade: o potencial energético do lixo é bem grande, da mesma ordem do carvão mineral. “Esta é uma das soluções para a destinação final dos resíduos urbanos não recicláveis, recomendada pelo IPCC/ONU. Tem como vantagem possibilitar a recuperação energética mais eficiente dos resíduos urbanos, que estariam inutilizados ou subutilizados”, explica Maria Luiza.

Ela cita a ECOCITRUS, que produz biogás e fertilizantes usando resíduos agrícolas e de criação de animais; e a CRVR , que utiliza o gás da decomposição da parcela orgânica do resíduo urbano coletado em Porto Alegre para a produção de energia elétrica, como bons exemplos de utilização do lixo como combustível.

“No mundo, além de empreendimentos semelhantes, são muito comuns as usinas que geram energia elética a partir da combustão dos resíduos em caldeira de geração de vapor. Devemos lembrar que eles têm problemas sérios de disponibilidade de espaço e a combustão reduz o volume do resíduo. Um exemplo é a usina de Spittelau, que fica no centro de Viena. Ao fim, sobram apenas cinzas, que ainda podem ser usadas na construção civil ou pavimentação de rodovias”, finaliza a professora.

Fonte:revistagalileu.globo.com