MEIO AMBIENTE

Publicado em 08 de Junho de 2017 12:48

Frutas da Mata Atlântica não chegam à mesa dos brasileiros

Publicado por Thaís Albuquerque Expirado
Frutas da Mata Atlântica não chegam à mesa dos brasileiros

O devastado bioma ainda preserva iguarias que poderiam trazer de volta a biodiversidade ao nosso consumo, que conhece hoje mais alimentos estrangeiros do que os nacionais

Uvaia, saputá, cambuci e cagaita soam como nomes exóticos para muitos brasileiros, mas são frutas que, entre tantas outras, já foram mais presentes na alimentação do país. Com o avanço do desmatamento, as árvores frutíferas nativas foram isoladas em pequenos fragmentos de floresta. Seus frutos, antes disponíveis em todo o bioma, são agora escassos. E se tornaram desconhecidos.

A Mata Atlântica já cobriu o litoral brasileiro. Hoje, apenas 7,9% de sua cobertura florestal ainda resistem, e quase exclusivamente em fragmentos com menos de 50 hectares. Mesmo com a destruição do bioma, pelo menos 17.500 espécies de flora estão em sua área — mais do que o existente em toda a Europa (12.500 espécies). São plantas já descritas e catalogadas, mas de potencial ainda desconhecido. Muitas destas ainda não exploradas seriam frutas que, uma vez domesticadas, poderiam ser adaptadas pela ciência e integradas à dieta da população.

Para que cheguem à mesa do consumidor, estas frutas raras precisam passar por um processo de melhoramento genético, que viabilize sua produção em grande escala. É o que acontece, por exemplo, com a espécie de maracujá encontrada no mercado.

A região da Mata Atlântica concentra os maiores centros de pesquisa científica do país. Mesmo assim, esta produção de frutas “novas” ainda engatinha nos laboratórios. Por isso, os alimentos exclusivos do bioma raramente chegam às cidades.

– É comum encontrar, no cardápio de uma lanchonete do Rio, cerca de dez sucos de frutas da Amazônia, mais de 30 da Europa e menos de seis da Mata Atlântica – lamenta Gustavo Martinelli, coordenador do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico. – É um desperdício, quando lembramos que um grande percentual da flora do mundo está em nossa região.

 

Fonte: Revista Rh Online