ARTIGOS
A Esafaz e a Educação Corporativa
As Universidades Corporativas [UC’s], ou Sistemas de Educação Corporativa têm suas origens nas ideias dos Centros de Treinamento & Desenvolvimento [CT&D] que surgiram na Alemanha do Século XIX com suas primeiras referências em treinamento organizado da mão de obra direcionada à indústria.
No início, a intenção dos CT&D’s era de preparar os jovens pouco experientes, vindos de zonas rurais em direção aos centros urbanos, para ocupar as posições desejadas dentro das fábricas.
Com o passar dos anos, além de ensinar e preparar a mão de obra com os conhecimentos necessários à execução das tarefas mais simples, esses centros também eram responsáveis em difundir a cultura e os valores da corporação. Esse novo enfoque é tratado como uma segunda fase na evolução dos centros.
Em um terceiro momento, as unidades de ensino corporativo passaram também a preparar seus gestores e, finalmente, em um quarto ciclo evolutivo, oferecer conhecimentos diferenciados, aos seus altos executivos, ganhando o status de UC’s.
A missão das UC’s modernas é de auxiliar às empresas para que todos seus colaboradores, daqueles com as missões mais simples aos altos executivos, alcancem “o melhor cumprimento de suas tarefas diárias atuais e futuras”, em um processo contínuo e de excelência que visa à construção de vantagem competitiva sustentável.
A educação corporativa estaria interessada também no conceito de educação inclusiva. Trata-se da extensão dessa formação ao público externo à corporação: fornecedores, clientes, parceiros, comunidade, dentre outros, disseminando o conhecimento de forma presencial ou virtual, para auxiliar ainda mais a empresa em seu desenvolvimento.
As preocupações com a boa administração dos saberes criados pela educação corporativa levaram ao desenvolvimento de várias teses em administração de empresas.
Uma destas teses é a gestão por competências. Este modelo gerencial teve suas primeiras referências nos Estados Unidos, na década de 1970. Sua fundamentação, no molde adotado nos Estados Unidos da América, está conceituada na necessidade das empresas em qualificar toda sua mão de obra, a fim de aumentar a produtividade.
Assim, este aumento na produtividade não mais estaria restrito a apenas uma atividade isolada, a responsabilidade seria de todos seus colaboradores na melhoria de toda a cadeia produtiva.
Hoje, vivendo a era do conhecimento, a sociedade contemporânea convive com várias implicações do avanço tecnológico, seja na mudança do processo de se fazer educação, ou na maneira de se obter o conhecimento e, consequentemente, na rápida obsolescência desse conhecimento.
Com relação às alterações no processo educacional temos à migração do modelo de educação presencial [EP] sólido, para aquele realizado a distância, algo que está perfeitamente alinhado com o agir e o pensar da atual sociedade mundial, onde a informação circula por todo o mundo em uma velocidade estonteante.
Entretanto, alguns estudiosos na educação corporativa alertam para pontos necessários à escolha pedagógica entre a educação presencial e a educação a distância [EaD].
Esta peculiaridade na mudança do paradigma educacional faz com que sejam necessários ajustes, tanto no “como fazer” novos produtos educacionais – que atinjam de forma direta e objetiva as necessidades e as exigências do público alvo, quanto na “estratégia de comunicação” para a divulgação desses produtos – melhorando os esforços na sensibilização dentre o público-alvo.
Visando ampliar as ações voltadas ao desenvolvimento dos servidores, tanto na capacitação profissional quanto na necessidade de proporcionar melhoria no conhecimento técnico ao corpo funcional da Secretaria da Fazenda, o Governo Estado de Pernambuco, através do Decreto Lei nº 10.725, de 24 de abril de 1992, instituiu a Escola Fazendária – Esafaz, que teve como finalidade: capacitar e desenvolver os servidores fazendários. A Esafaz, contextualmente, surgiu inserida no paradigma educacional de T&D.
Outro marco na educação corporativa do servidor público em Pernambuco se deu quando o Poder Executivo do Governo do Estado, sensibilizado com a necessidade de valorização da totalidade dos seus servidores através do aperfeiçoamento profissional e pessoal, passou a oferecer o Programa de Educação Corporativa [PEC], instituído através do Decreto Nº 35.408, de 09 de agosto de 2010.
Ainda, com o intuito de ampliar ou institucionalizar o PEC, a equipe da Esafaz prepara-se para avançar na modernização e elaborou o seu primeiro Projeto Político Pedagógico [PPP/Esafaz, 2010]. O PPP/Esafaz ainda se encontra em fase de tramitação e aprovação, pelas estâncias superiores da SEFAZ/PE. Esse PPP tem como princípios norteadores quatro pontos fundamentais:
- Política educacional que considere a formação do aluno em múltiplas dimensões;
- Saberes interdisciplinares contextualizados;
- Qualidade dos processos educativos; e,
- Valorização do magistério.
Pronta para cumprir sua missão e alerta a cada novo cenário organizacional, a Esafaz vem procurando atender as demandas no processo de modernização da educação corporativa, no âmbito da Secretaria da Fazenda, e estende seus cursos tanto aos servidores públicos da Secretaria da Fazenda Estado de Pernambuco, aos servidores de órgãos públicos estaduais e, também, aos servidores fazendários em outros estados federativos, através do Grupo Desenvolvimento dos Servidores Fazendários – GDFAZ.
REFERÊNCIAS
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PERNAMBUCO. Decreto nº 35.408, de 9 de agosto de 2010. Institui o Programa de Educação Corporativa, no âmbito do Poder Executivo Estadual e dá outras providências. Recife, 9 de agosto de 2010.
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Por: Pedro Aníbal de Brito Rodrigues (Mestre em Turismo – UFRN; MBA Executivo em Marketing – UFPE; Bacharel em Turismo – UNINASSAU)